APENDICITE AGUDA
Apendicite aguda é o nome dado à inflamação do apêndice cecal. O apêndice cecal é uma extensão do intestino grosso.
A apendicite aguda é uma doença relativamente frequente, sendo a causa mais comum de abdome agudo.
A apendicectomia representa aproximadamente 6% das operações em hospitais gerais.
A apendicite pode ocorrer em qualquer faixa etária, desde crianças até idosos, sendo mais comum na segunda década de vida. Em torno de 7% da população ou mais, desenvolverá apendicite em alguma fase de sua vida.
Estatisticamente mais de 10% dos homens e mais de 20% das mulheres vão a uma cirurgia para retirada do apêndice (apendicectomia) durante suas vidas. Pode haver dificuldades no diagnóstico e por esta razão muitas vezes, a retirada do apêndice é realizada com finalidade profilática ou na dúvida da existência de processo inflamatório apendicular.
Apesar dos avanços tecnológicos em exames complementares, a história clínica e o exame físico ainda são as principais armas para se fazer o diagnóstico. Muitas vezes exames complementares são solicitados para excluir a possibilidade de estarmos frente a uma outra doença. Podemos ter pacientes com apendicite aguda e exames complementares de diagnóstico (exame de laboratório, Rx, ultrassom) normais. Assim, o diagnóstico de certeza muitas vezes só é alcançado após a visualização direta do apêndice durante uma cirurgia (laparotomia) ou laparoscopia.
O prognóstico dos pacientes com apendicite depende muito da fase em que é realizado o tratamento cirúrgico. Quanto mais cedo a cirurgia é realizada, ou seja, em uma fase inicial da doença, melhor será a evolução do paciente. Evita-se desta forma, fase mais complicada da doença.
A apendicite pode evoluir com necrose, perfuração, abscessos, peritonite generalizada e até sepses. Normalmente, pacientes operados em fases adiantadas da doença tem um período de hospitalização prolongado e incidência maior de complicações pós operatórias.
Assim, diante de forte uma suspeita clínica é recomendável uma intervenção cirúrgica sem muita demora. E a laparoscopia tem sido útil para confirmação do diagnóstico e tratamento da apendicite, já que é comum existir dificuldades no diagnóstico.
Existem várias doenças que podem ser confundidas com apendicite aguda, algumas delas são de tratamento cirúrgico (ex.: úlcera perfurada) e outras de tratamento clínico (ex.: pielonefrite). Assim é frequente a ocorrência de dúvidas acerca da necessidade de tratamento cirúrgico e a videolaparoscopia pode ser útil, já que é um método que pode esclarecer o diagnóstico de forma minimamente invasiva.
Sintomas
Os sintomas são variados, entre eles citamos: dor abdominal, hiporexia (diminuição do apetite), febre, etc., existindo pacientes que apresentam poucos sintomas.
A dor abdominal geralmente inicia-se na região epigástrica, ou é difusa, mal localizada, confundindo-se com um problema gástrico ou digestivo. Posteriormente ela localiza-se no quadrante inferior direito do abdome, quando o apêndice já está inflamado. A dor é exacerbada com os movimentos, tosse, espirro, quando já existe uma peritonite.
A localização da dor pode variar dependendo da posição do apêndice e da presença ou não de bloqueio inflamatório. Por exemplo um apêndice retrocecal pode causar dor na região lombar. Um apêndice pélvico pode levar a dor predominante em baixo ventre. Um apêndice subhepático (vide imagem abaixo) pode causar dor em hipocôndrio direito.
Diagnóstico Diferencial
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Afecções Ginecológicas: Doença inflamatória pélvica (salpingite), cisto de ovário, endometriose, gravidez ectópica
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Afecções Urológicas: Hidronefrose, litíase, pielonefrite, abscesso renal
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Afecções Intestinais: Diverticulites, carcinoma de ceco, gastroenterite, obstrução intestinal, trombose mesentérica, etc
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Outras Afecções do Aparelho Digestivo: Úlcera péptica perfurada, pancreatite, colecistite, abscesso hepático, peritonite bacteriana primária
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Afecções Diversas: Pneumonia, abscesso de psoas, hematoma do reto abdominal, hepatite, febre tifóide, diabetes, osteomielite, porfiria aguda, malária, etc
Apendicectomia
Apendicectomia é o nome dado à cirurgia realizada para tratar uma apendicite e consiste na remoção do apêndice.
A apendicectomia pode ser realizada por cirurgia tradicional (aberta) ou por via laparoscópica.
A cirurgia tradicional (aberta ou por laparotomia) pode variar desde pequenas incisões (transversais ou oblíquas) sobre a região do apêndice, até amplas incisões longitudinais, dependendo da escolha do cirurgião e da fase de evolução da doença.
Apendicite complicada com vários dias de evolução pode estar acompanhada de peritonite difusa (secreção purulenta por toda a cavidade abdominal) e dificilmente seria tratada adequadamente com uma pequena incisão, pois é necessário boa limpeza (irrigação e aspiração) de toda cavidade abdominal.
Com a videolaparoscopia é possível tratar a maioria das apendicites complicadas, com inúmeras vantagens sobre uma cirurgia convencional, desde que sejam conduzidas por uma equipe cirúrgica experiente, já que além da remoção com segurança do apêndice é possível fazer uma limpeza adequada de toda a cavidade.
Com o emprego da videolaparoscopia evitaríamos as desvantagens de uma incisão maior em vigência de infecção abdominal (infecção de ferida operatória, deiscência e hérnia incisional).
Entretanto há limitações da videolaparoscopia, e mesmo com uma equipe treinada, pode haver situações que haja necessidade da conversão para laparotomia (cirurgia aberta).
Vantagens da Apendicectomia por Videolaparoscopia:
· A videolaparoscopia funciona como método diagnóstico e eventualmente terapêutico quando estamos diante de outra doença.
· Tem uma visualização abdominal superior, ou seja, possibilita uma inspeção mais ampla da cavidade abdominal.
· Pode abreviar a demora diagnóstica, principalmente na mulher onde pode ser confundida com outras doenças ginecológicas.
· Apresenta vantagens técnicas bem evidente em casos complicados (fase adiantada), pacientes obesos e nos apêndices de posição anômala.
· Vantagem estética, principalmente nos casos difíceis onde na cirurgia aberta (convencional) certamente seria necessário grandes incisões cirúrgicas.
· Menor dor pós operatória.
· Menor risco de formação de aderências intra-abdominais, consequentemente com menor risco de obstrução intestinal futura.
· Menor complicação da Ferida Operatória, já que há pouco dano à parede abdominal, existindo apenas pequenas incisões, portanto baixo índices de deiscência, hérnia incisional e infecções.
· Tempo de hospitalização habitualmente mais curto.
· Rápida recuperação, diminuindo o Custo Final, já que o retorno ao trabalho ou atividades físicas é mais rápido.